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'O racismo é base do capitalismo, é como ele se estrutura', diz Siba

Kamille Viola

13/03/2020 12h00

Siba traz seu novo show ao Rio pela primeira vez. Foto: divulgação/José de Hollanda

Em setembro do ano passado, Siba lançou seu terceiro trabalho solo, 'Coruja muda'. Produzido pelo próprio artista e João Noronha, o álbum combina referências o cantor e compositor pernambucano como a cultura popular da Mata Norte daquele estado, como o maracatu, a ciranda e, sobretudo, o coco. Norteia o disco uma reflexão sobre o espaço indefinido que existe entre gente e bicho.

O artista questiona o que define para nós quem é ou não gente, quem tem ou não direito a ser tratado como gente. Por exemplo: quando o racismo busca diminuir a humanidade de alguém. "Esse é o ponto do disco, não que eu ache que eu quis ou que eu tente resolver o assunto, chegar numa posição clara, esgotar, mas eu tentei me nortear por essa pergunta, para justamente tentar elaborar um olhar mais abrangente sobre a questão política que a gente vive", explica ele.

No trabalho, que ele apresenta pela primeira vez na cidade, no Museu de Arte do Rio, o artista também foi buscar inspiração nas sonoridades africanas, como é o caso de "Azda (Vem batendo asa)", versão de um jingle gravado pelo guitarrista congolês Franco, e "O que não há" (que traz as participações de Alessandra Leão, Mestre Anderson Miguel e Renata Rosa), influenciada por Franco e sua banda OK Jazz.

Ele conta que não pensava em falar especificamente sobre política, mas a realidade atual do Brasil acabou influenciando as canções. "O que não há", por exemplo, é uma crítica a classe média brasileira. "Carcará de gaiola" é considerada referência ao presidente Lula, que estava preso na época do lançamento do álbum.

"Esse é um lugar sempre muito delicado, que exige do artista que ele se pense e seja honesto, porque a função do artista é buscar oferecer para o público um ponto de vista fresco e renovado de uma realidade que ele enxerga. A nossa função não é propriamente mudar o mundo nem necessariamente interferir diretamente na dimensão política do espaço. Mas tudo o que a gente faz tem uma dimensão política que se impõe, a gente queira ou não ter consciência dela", analisa Siba.

Sua arte também se mistura com política com o próprio trabalho de pesquisa de ritmos populares brasileiros. Em 1992, fundou o grupo Mestre Ambrósio, um dos nomes do mangue beat. Em 2002, com o fim da banda, Siba se mudou para Nazaré da Mata, na Zona da Mata pernambucana, considerada a capital do maracatu. Lá, entrou em contato com artistas populares de diversas gerações e fundou uma banda com a qual lançou o álbum 'Fuloresta do Samba' (2002). Esse se tornaria o nome do grupo que o acompanharia. Ele se tornaria, ainda, mestre de maracatu.

Em seguida, vieram 'No baque solto somente (2003)', em parceria com Barachinha, um dos mestres do maracatu rural, que conta com a participação de Fuloresta do Samba; 'Toda vez que eu dou um passo o mundo sai do lugar' (2007), de Siba e a Fuloresta do Samba, e 'Violas de bronze '(2009), em parceria com o violeiro Roberto Corrêa.

Em 2012, foi a vez de 'Avante', disco solo que marca uma nova sonoridade em seu trabalho, com o encontro dos ritmos populares e a formação clássica de banda de rock, com baixo, guitarras e bateria. 'De baile solto' (2015) segue pelo mesmo caminho. "Sinto que, no 'Coruja muda', eu resolvo todos os problemas de síntese musical e formulação musical que estavam presente desde o 'Avante"', analisa ele.

Ele aponta que a cultura popular, no Brasil, é vista como algo pertencente ao passado. "De todas as dimensões dessa problemática, essa é a mais cruel. Essa é a que joga dentro do senso comum, e é feito por todos nós, que todo esse Brasil não oficial está no passado. E esse que está no presente, a cultura popular que consegue furar os bloqueios todos e ter um agenciamento do presente, ou seja, dá certo, inclusive em termos até mercado, como o funk é o melhor exemplo, a gente naturaliza toda uma gama de ferramentas de exclusão e de violência em cima dela", denuncia. "É uma coisa muito profunda, um problema muito sério de base, do nosso país, e eu sempre tive que lidar com isso dentro da trajetória do meu trabalho", diz. 

Como é que tem sido a turnê até agora? Apresentar esse trabalho ao vivo?

É um trabalho novo, ele é diferente do meu anterior em vários aspectos e, ao mesmo tempo, desenvolve especialmente as sínteses musicais do outro, de um jeito talvez mais bem-resolvido. Então, para mim, tem uma continuidade mesmo de escuta e atenção e interação com o público que já conhece. Nesse sentido, é como se fosse um jogo já ganho. As pessoas que me acompanharam desde o 'Avante' e 'De baile solto' entenderam o disco muito rapidamente e interagem com ele de modo muito direto. E, como sempre, para nós, o desafio é alcançar o público novo, que ainda não acessou o trabalho. Esse sempre é o desafio e uma coisa também que só se mostra depois que está resolvido, depois de um tempo.

Esses três álbuns são uma trajetória. Você considera que, de alguma forma, encerrou um ciclo? Considera que esse trabalho uma trilogia mesmo e daqui para a frente pretende explorar outras coisas?

Não, eu nunca pensei em termos de trilogia, não. Sempre estive vivendo as questões do momento em cada momento desses. Mas eu sinto que, no 'Coruja muda', eu resolvo todos os problemas de síntese musical e formulação musical que estavam presente desde o 'Avante'. Ou seja, desde transposição de ritmos populares para uma linguagem elétrica, para uma formação de pequeno porte, de quarteto, foram experiências que eu fui realizando desde o 'Avante' nos discos e nas diversas formações ao vivo, e eu sinto no 'Coruja muda', no disco e no palco, parece que chegou num lugar já de uma formulação mais clara. Isso não quer dizer que eu não vou insistir na fórmula no futuro ou que necessariamente eu seja obrigado a quebrar com isso e inventar toda uma nova coisa num próximo disco. Eu não me vejo lidando com essas questões, não. Estou mais preocupado no futuro com as questões poéticas, que são as principais. O que eu tenho a dizer e como formular essa coisa que eu espero ter a dizer num futuro próximo.

Eu vi você falando em entrevistas que não pretendia entrar em política nem nada, mas acaba que o momento político do Brasil se impôs. Como você vê o papel do artista nesse sentido? Como a gente tem um momento político difícil, para dizer o mínimo dessa escalada conservadora que a gente vem vivendo, em que a cultura e a arte são os alvos também…

Esse é um lugar sempre muito delicado, que exige do artista que ele se pense e seja honesto, porque a função do artista é buscar oferecer para o público um ponto de vista fresco e renovado de uma realidade que ele enxerga. A nossa função não é propriamente mudar o mundo nem necessariamente interferir diretamente na dimensão política do espaço. Mas tudo o que a gente faz tem uma dimensão política que se impõe, a gente queira ou não ter consciência dela. Essa medida, sendo sempre político, o quanto se é explicitamente político e o quanto se espera interferir diretamente na política da vida, é sempre muito delicada. Na época do 'De baile solto', para mim, tinha uma imposição de que era necessário formular uma postura política clara frente ao contexto daquele momento. Depois, com tudo o que veio a seguir, que de algum modo eu já estava percebendo, lá naquela época, a questão foi como não ignorar a dimensão política e ao mesmo tempo não cair na armadilha ativista panfletária, que é muito difícil para o artista de sair depois, que te condena a um lugar datado ou ultrapassado muito rapidamente. Pode até ter uma ação efetiva no momento, mas logo depois já não é mais, porque o contexto se mostra sempre mais complexo a cada dia. Então eu respondo te dizendo, tentando sintetizar, que não há uma fórmula e que o artista tem que estar consciente de que ele não vai mudar o mundo, de que não é a posição política dele que vai mudar nada, mas que ele precisa principalmente ser artista, ou seja, oferecer alguma perspectiva renovada, seja lá do que ele está tratando. 

Ao mesmo tempo, você teve uma atuação política na prática na sua relação com Nazaré da Mata. Não foi só uma relação musical, você não foi só simplesmente viver ali e aprender com a música dali, você saiu em defesa do maracatu mesmo. Isso me fez pensar numa coisa que a gente fala muito hoje, principalmente a esquerda, de que a gente precisa se aproximar do povo, voltar para as bases. Como foi essa experiência para você, sendo uma pessoa de classe média? O que você aprendeu dessa aproximação?

Na verdade, eu queria começar consertando tua pergunta, colocando ela no tempo presente. Não existe uma história que foi, porque é uma história que sempre é na minha vida. São trinta anos já de relação com o maracatu e com a Mata Norte, mesmo que eu não estando mais lá. A época que eu morei lá de fato nem foi o começo, nem foi o fim quando eu saí. É um momento ali em que eu fiz a Fuloresta, no meio desse caminho todo. É difícil, não sei nem onde começar a responder essa pergunta, porque ela tem tantos lados e tantas partes que eu acho que tem aí, sim, toda uma dimensão política dessa minha história, que vai se desdobrando de mil maneiras. A começar lá, trinta anos atrás, pela opção de um jovem artista de classe média de se voltar para essa cultura popular de periferia, do interior, que, nos anos 80 para 90 era considerada o lixo da cultura do lugar onde você vivia. Aí já tem uma dimensão política de uma opção — que não era tão consciente politicamente assim, mas que, sim, dentro da minha ingenuidade lá atrás, aos 20 anos, tinha, sim, uma opção política de virar as costas para o que seria a escolha majoritária dentro da minha faixa e classe social. Depois tem toda uma história de envolvimento e de inversão, essa inversão que eu fiz de me colocar como um aprendiz de uma cultura que, para mim, deveria ser considerada como inferior e, mais do que inferior, eu tenho essa dimensão de que a cultura popular no nosso país, toda essa cultura não oficial e não acadêmica, não pós-industrial, não "moderna" é considerada como um passado, negada pela dimensão do agenciamento político do presente. De todas as dimensões dessa problemática, essa é a mais cruel. Essa é a que joga dentro do senso comum, e é feito por todos nós, que todo esse Brasil não oficial está no passado. E esse que está no presente, a cultura popular que consegue furar os bloqueios todos e ter um agenciamento do presente, ou seja, dá certo, inclusive em termos até mercado, como o funk é o melhor exemplo, a gente naturaliza toda uma gama de ferramentas de exclusão e de violência em cima dela. É uma coisa muito profunda, um problema muito sério de base, do nosso país, e eu sempre tive que lidar com isso dentro da trajetória do meu trabalho. Fui aprendendo a lidar com isso, como acabo de algum modo, involuntariamente, ocupando, em relação à Mata Norte um lugar de intermediário. O meu trabalho não se propõe totalmente a falar da região, mas fala. Fala da cultura popular e, de algum modo, eu fico sendo um tipo de intermediário, de embaixador na prática. Mesmo quando eu não quero. E isso também coloca uma dimensão política no que eu faço já, automaticamente. Teve um momento mais específico, lá para 2012, 2013, 2014, quando houve uma problemática de perseguição policial ao maracatu em que essa posição política minha teve que se colocar de modo concreto, numa atividade que era política, de organizar e intermediar, de algum modo, uma luta contra a opressão policial do estado contra o maracatu. Ali realmente tinha uma coisa de ação, de militância política de ato propriamente, de ação, que se resolveu depois de um tempo.

E, no fim das contas, acaba que isso tem uma origem no racismo. Porque o que a gente chama de cultura popular são expressões negras ou afro-indígenas. Você também vê dessa forma?

Sim, com certeza. Mas eu acho que — claro, a gente toma consciência aos poucos do quanto o racismo está nas pequenas relações domésticas, comunitárias e institucionais. A gente começa a dizer com mais facilidade que o racismo é a base da nossa sociedade. Mas eu acho que temos que pular umas casas aí para começar realmente a enfrentar isso de um modo um pouco mais duro e mais efetivo, e que a gente precisa elaborar o entendimento de que o racismo, na verdade, é a base do capitalismo, é como ele se estrutura, através do colonialismo e depois do imperialismo, e de como todas essas relações do macro vão definir as relações nossas do micro, do social e do doméstico. Porque sem a gente buscar entender isso de um modo mais profundo, a gente vai continuar rodando em torno de querer eleger em 2022 mais um candidato progressista, como se estivesse já havido eleição de fato em 2018. Vamos continuar fingindo que pela via democrática vai prevalecer um bom senso. E a gente está vendo onde o bom senso foi dar, né? Ele está aí até hoje, ainda, dando suporte a um governo de loucos neste país.

Essa questão do racismo tem a ver com uma coisa. Esse conceito do bicho-homem acabou sendo um norte do seu disco. Queria que você falasse um pouco sobre esse conceito em si. E você costuma trabalhar com conceito, quando faz um álbum?

É, esse conceito aí do espaço indefinido entre homem e animal do disco justamente tenta tocar nesse assunto que a gente falou agora há pouco, de que critérios, o que define para nós quem é ou não gente, quem tem ou não direito a ser tratado como gente nos diversos níveis de instituição e de país e de convivência social. Esse é o ponto do disco, não que eu ache que eu quis ou que eu tente resolver o assunto, chegar numa posição clara, esgotar, mas eu tentei me nortear por essa pergunta, para justamente tentar elaborar um olhar mais abrangente sobre a questão política que a gente vive. De algum modo, fecha nossa conversa agora, chega no começo novamente: como tentar olhar para essa questão política sem ser do ponto de vista da armadilha do "vamos escolher um candidato menos ruim e mais progressista" e tal. Eu nem trabalho com conceito fechado, no sentido de que eu sou capaz de elaborar um conceito fechado a ponto de trabalhar ele desde o começo. Nem me vem nada de fora, como uma iluminação e tal. Eu tento seguir os meus incômodos, uma problemática que é mais complexa, tem a ver com a música, tem a ver com a poesia, e o lugar dessa música e dessa poesia no presente. Eu tento ir elaborando isso no presente até que o ponto que alguma ideia vá ficando um pouco mais clara, do que está em jogo para mim. Então eu busco esse conceito, na verdade. Ele nem vem para mim como pronto, nem eu estabeleço a priori como uma coisa que vai me nortear. Eu tento seguir uma certa intuição e vou procurar ir me guiando através dela até o ponto em que ela se define como mais clara para mim.

É verdade que você chegou a fazer um outro disco e resolveu começar tudo de novo, para fazer o 'Coruja muda'?

É, eu fiz uma parte desse mesmo disco, não fiz um outro com outras músicas, não. Eu fiz aí uns 60% dele um ano antes e tive que parar, em 2017. Eu tinha andado um bocado já com o disco, mas ele não estava tão claro para mim, que direção era essa. Nem de texto, nem de música. E aí o meu contexto pessoal estava bastante limitador, até impeditivo, e eu resolvi ser honesto comigo mesmo e parar o disco. E, quando eu voltei um ano depois, já não dava mais para retomar do ponto que eu parei. Eu resolvi zerar a parte mais musical, propriamente dita, de produção — não o repertório. Aí é um assunto complexo, tem vários fatores, tanto pessoal como o da banda, que quando eu comecei antes não tinha, e quando eu retomei eu tinha um coletivo forte ao redor. Então vários fatores foram me definindo as soluções a dar.

Você viveu o momento da explosão do mangue beat. Agora, a cena independente de Pernambuco está atraindo uma atenção nacional de novo — não como no mangue beat, mas está. Como você o momento de agora? Você acha que o seu trabalho dialoga com o que está acontecendo hoje lá também?

Eu acho que o meu trabalho sempre dialogou com a existência e o que o lugar de eu venho propõe. Sempre fiz parte de lá e, na época que existia esse nome, mangue beat norteando, eu fazia parte também e, depois que ele deixou de ser um nome importante segui fazendo parte. Sempre, tudo o que eu faço, de algum modo, remete ao fato de que eu vim desse lugar, que não cansa de estar vivo e inquieto e ativo. E, nesse sentido, eu não tenho essa percepção de que há um novo momento em Pernambuco. Eu não estou nem dizendo que não há. Para mim, não parece ter mudado muita coisa. Sempre teve um constante aparecimento de nomes novos de lá. Houve momentos mais propícios e menos propícios, mas estava sempre todo mundo produzindo muita coisa. O que eu acho que houve com Pernambuco foi que a minha geração não teve os meios ou não fez a estratégia correta, nem o contexto permitiu, o jogo de forças não permitiu, talvez, que se estabelecesse um mercado local. Mas isso não é um demérito só de Pernambuco, ninguém conseguiu estabelecer um mercado real local, a não ser a Bahia. Isso segue sendo um problema. Talvez agora, com o fechamento de todas, ou quase todas as possibilidades institucionais do país, as pessoas lá consigam elaborar e inventar novas estratégias, e isso passe a ficar mais no horizonte, mas eu não sei. O fato é que Pernambuco sempre esteve ali, como um espaço de criação em vários níveis, tanto na classe média — não vou falar nem da cultura popular, porque ela sempre foi um espaço de explosão de criatividade, mas o senso comum não nos permite percebê-la como um lugar de criação. Mas sempre foi.

É mais difícil para os artistas conseguirem viver do seu trabalho neste momento de crise que estamos vivendo? Sente que piorou, no cenário musical em geral? A crise está impactando?

Está impactando, com certeza, fortemente. Não de agora somente, já tem uns anos já que há um desmonte de toda a parte de suporte institucional às culturas, às ações culturais. O corte é muito grande, muito severo, só aumenta, tem muito impacto — porque é uma cadeia, quando você corta os eventos maiores vai gerando impacto em tudo que é menor e que vem abaixo. É forte, é sério, é menos impactante na música, porque ela tem uma capilaridade, uma diversidade de ações, espaços, iniciativas que tornam esse efeito menos desastroso do que, por exemplo, no teatro ou no audiovisual, onde o quadro eu imagino que seja desesperador. Para quem tem, como eu, uma base mais ou menos sólida — não sou grande nem nada, mas tenho uma história longa, uma estrutura pequena, mas que é sólida, um público pequeno, mas que é também sólido na relação. Eu tenho escapado, não com facilidade, nem um pouco, mas ainda tenho esse privilégio. Mas eu acho que, para quem está começando, o quadro é de um desafio muito grande. Eu fico pensando no tempo em que eu comecei, sem querer fazer aquele papo de velho: "Ah, no meu tempo…". Mas eu vejo ao meu redor uma situação nem um pouco parecida, mas consigo traçar um paralelo. No momento em que eu tive que fazer a opção de risco que era seguir o caminho que eu segui na minha vida tinha um cenário de nenhuma perspectiva. Eu estava em Recife, não tinha nada que dissesse assim: "Vai ser artista, acredita aí, que vai dar certo." Não, não tinha nada que falasse isso concretamente. Tinha muito mais a ver com você tentar resolver um quadro de inadequação psicológica, de você não poder ser outra coisa, então você vai arriscar tudo ali e achar que melhor isso do que o que você tem a encarar numa vida se você não se assume como é quer ser. Aí parece que a gente vai para algum lugar muito parecido aqui, quem está começando agora vai ter que ter a coragem de se assumir muito rápido, como desajustado social mesmo, e partir para ser artista nesses termos e, a partir daí, elaborar uma trajetória a longo prazo que, se você bater sempre na mesma tecla, obviamente vai achar uma solução para ser quem você é e partir desse lugar da essência mesmo do que é ser artista. Você é aquilo ali, tem que se assumir como você é.

Vai lá:
Siba – 'Coruja muda'
Quando: Sexta, 13 de março, das 18h às 22h
Onde: Museu de Arte do Rio. Praça Mauá, 5 – Centro
Quanto: Grátis

Sobre a autora

Kamille Viola é jornalista, com passagens e colaborações por veículos como O Dia, O Globo, O Estado de S. Paulo, Billboard Brasil, Bizz e Canal Futura, entre outros. Nascida e criada no Rio, graças ao jornalismo já andou pelos mais diversos cantos da cidade.

Sobre o blog

Do pé-sujo mais tradicional ao mais novo (e interessante) restaurante moderninho, do melhor show da semana à festa mais comentada, este blog busca fazer jus à principal paixão do carioca: a rua.

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