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'Estamos conseguindo nos manter vivos, fortes, felizes', diz Almério

Kamille Viola

03/05/2019 14h34

Almério canta sábado no Rio. Foto: divulgação/Breno César.

Foi em 2003 que Almério cantou pela primeira vez em um teatro, o que considera o sua estreia profissional na música. Mais dez anos se passaram até que o artista nascido em Altinho, Pernambuco, lançasse seu primeiro álbum, que leva seu nome. Mas foi em 2017, com "Desempena", que ele viu sua carreira ganhar fôlego. Um dos nomes que se destacam na efervescente cena independente pernambucana hoje, ele segue com a turnê — que o levou a se apresentar em eventos país afora e na Europa —, se prepara para lançar dois DVDs este ano, tem um novo disco pronto para ser gravado e ainda encontra tempo para outros projetos, como o show que apresenta esta sexta no Manouche, ao lado do conterrâneo Juliano Holanda, produtor de "Desempena".

Com voz e presença de palco marcantes, Almério é constantemente comparado a Ney Matogrosso, como outros intérpretes da cena atual. "Um cantor não pode nascer gay que comparam a Ney, instantaneamente. Eu acho isso maravilhoso, Ney é referência, não só para cantores, mas para cantoras também. E influenciou gerações, de cantores, cantoras, mudou tudo, mexeu tudo. É uma grande referência", elogia ele. "Musicalmente, Ney acabou sendo uma referência inconsciente. Porque eu fui escutar mesmo ele dos 25 anos para lá. Foi aí que eu me debrucei mesmo sobre Ney e fiquei passado", derrete-se.

Ele conta que sua identificação com os artistas LGBT de hoje é mais com a posição deles do que propriamente pela música que fazem. "Acho eles incríveis. Enquanto artistas, são muito corajosos. Essa geração da música brasileira, são muito corajosos, todos os artistas. É uma vontade de transformar tão grande, uma vontade de gritar as coisas que foram silenciadas, caladas dentro da gente. Acho que todo mundo está nesse momento de gritar, sobre sexualidade, sobre política, sobre racismo, sobre todos os preconceitos. Acho que a gente vive essa fase, e isso é muito importante para a música", defende. 

Você e Juliano e vocês já têm uma parceria, ele produziu seu disco, você gravou algumas faixas dele no álbum também. Como é que vai ser o show e o que é que a gente pode esperar?

A minha parceria com o Juliano vem desde a gravação do disco "Desempena", me identifico muito com o que ele compõe. Realmente acho ele um dos maiores compositores do Brasil hoje. Ficamos muito amigos, muito próximos e a partir disso veio essa vontade de levar nossa música pra cidades do interior de Pernambuco que não têm acesso a ela. E a gente se nutriu de canções e foi para umas dez cidades, levando um projeto que chama-se "Corre-Campo", que é uma cobra específica do Agreste, e saiu correndo campo adentro, Agreste e Sertão adentro. Ficamos muito próximos. A partir disso, tendo esse show já pronto, dois anos atrás, surgiu a ideia sair dessa atmosfera dos nossos shows próprios, os solos de cada um. Resolvemos fazer esse som pra mesclar nossas canções e fazer umas releituras. E também celebrar nossa amizade, nosso encontro no mundo e na música.

Juliano Holanda e Almério se apresentam sábado no Manouche. Foto: divulgação

Vocês também são parte de um momento que tem muitos artistas pernambucanos se destacando na cena independente. Vi vocês naquele show "Nova cena pernambucana", e existem outros que estão se destacando em carreira sol. Como você vê esse momento da música independente feita em Pernambuco?

A gente está em um momento bem importante na música, porque começou a parar pra observar e dialogar sobre esses encontros e sobre esses compositores e intérpretes, e também compositoras e cantoras, e a falar sobre essas coisas. Estamos nos fortalecendo cada vez mais em parar para observar um ao outro. São muitos artistas que estão em erupção, eclodindo, nesse momento. E a gente fica fertilizando, dialogando uns com os outros, para que a gente tenha consciência do tamanho, da importância que é essa movimentação, essa união.

Você acha que o show do Rock in Rio, que você fez com o Johnny Hooker e Liniker (em setembro de 2017, no Palco Sunset), foi um momento de virada na sua carreira?

Rock in Rio foi uma explosão. Surgiu do momento que Zé Ricardo veio para assistir um festival que acontece dentro do carnaval do Recife, chamado RecBeat. Eu fiz um show, e na mesma noite depois entrou Liniker e depois entrou Johnny Hooker. Zé Ricardo olhou e disse: "Eu quero o encontro dos três no Rock In Rio." Fizemos shows separados. No Rock in Rio, era show do Johnny Hooker convidando a mim e a Liniker. Foi uma noite muito importante pra mim, até hoje é lembrada, mandam fotos, as pessoas mandam mensagens dizendo que curtiram muito aquele show, e eu só tenho muito a agradecer por estar do lado de grandes artistas emblemáticos da nossa música, raríssimos, que defendem e estão na mesma causa que eu, que são politizados, inteligentes, e eu me identifico que a coragem que esses artistas têm.

A partir daí, na sua carreira, muita coisa começou a acontecer, né? De 2017 para cá, as coisas foram avançando. Ouvi falar de você por causa desse show e acredito que muita gente leu seu nome na imprensa nacional quando teve essa apresentação. Você acha que depois disso as coisas foram acontecendo?

Logo depois do Rock in Rio, sim sim. Foi um portal superimportante, realmente me abriu caminhos.  Mas precisei estar atento também. E eu sou uma pessoa que adora trabalho, que adoro estar fazendo meu ofício e aproveitando as oportunidades certas. A partir disso, surgiu turnê na Europa, Festival Mimo, Rio2C, eventos maravilhosos e a gente foi abraçando. Digo a gente porque eu não estou sozinho. Tenho pessoas trabalhando comigo e vou abraçando as oportunidades, mas realmente foi um passo gigante na minha carreira o Rock in Rio, foi um adquirir de asas.

Você começou a carreira em 2003, certo?

Em 2003, foi o primeiro show em teatro. Eu canto desde a adolescência. A primeira vez que fiz show em teatro foi em 2003, então a partir de 2003 eu me acho um profissional.

Você demorou dez anos pra lançar seu primeiro disco e depois mais quatro pra se tornar conhecido nacionalmente, o "Desempena" foi o seu disco que as pessoas escutaram no Brasil…

Os grandes críticos aclamaram o "Desempena", que funcionou no Brasil inteiro, realmente foi um show, impulso na minha vida, que nasceu na Natura Musical.

As coisas foram demorando para acontecer na sua carreira e, uma vez que aconteceram, elas vêm crescendo. Como que você encara esse tempo todo que demorou pra conseguir gravar o primeiro disco e ainda esperar o segundo acontecer mesmo? Como você se sentiu? Chegou a pensar em desistir de trabalhar profissionalmente com música? Como foi essa caminhada?

Eu sou um artista muito atento. Eu saí de uma cidade do interior chamada Altinho (PE) e fui morar em Caruaru. Em Caruaru, as coisas estavam fervendo, tinha muito compositor de uma cena que estava fervendo e ainda tem. Isso me chamou muito a atenção, comecei a dialogar com os compositores de lá, conhecendo as pessoas, e a fazer a noite por lá. Mas, ao mesmo tempo, eu tinha uma certa calma nesses limites. Eu queria que as coisas gradativamente fossem acontecendo, mas sempre respeitei minhas etapas. Eu disse: "Vou aproveitar todas as etapas pra que as coisas aconteçam naturalmente, eu não quero pular etapas, quero respeitá-las. Prestando atenção em tudo, me mantendo, absorvendo as coisas, para chegar lá seguro de mim." E acho que tudo foi válido, todas as coisas vieram no tempo certo. Nunca me afligi por isso. Teve um certo momento que sim, bateu um desespero, porque estava cantando de quarta a domingo em Caruaru, em bares da noite — e cantando naqueles bares foi que eu fui ter dinheiro para poder gravar meu primeiro disco, foi juntando dinheiro cantando na noite. Cantando em bares, em feira, em todos os lugares que você puder imaginar. Nesse momento, bateu um desespero, porque estava trabalhando tanto e ganhando tão pouco. Para juntar para manter esse meu som, eu trabalhei muito e passei por momentos de solidão que realmente me baquearam, deram um medo, um desespero. Mas tudo caiu por terra quando o primeiro disco foi lançado. Porque chegou na mão das pessoas certas, como André Brasileiro, que hoje é meu empresário, na mão de João Falcão, que me chamou para participar do musical "Gabriela", em São Paulo. E meu disco foi me abrindo portas. Ele não teve uma explosão nacional, mas ele abriu portas demais, chegou nas mãos certas e, a partir dessas pessoas, da minha produção junto de André Brasileiro, nós fomos contemplados pelo projeto Natura Musical e daí nasce o "Desempena". E eu fiquei entre o musical do João Falcão e gravando o "Desempena" ao mesmo tempo. Foi um ano superprodutivo, eu fiquei muito em voga o ano inteiro. E foi incrível. Eu mantive a calma para não atropelar a música porque eu estou aqui para ela, sou um funcionário dela. Então não adianta eu querer atropelar as coisas e dar um passo maior do que ela me pede. Acho justo com as coisas que vêm para mim. Manter a calma sempre pra aproveitar o caminho, a jornada.

Você contou que morava em Caruaru quando fez o primeiro disco, quando você foi para Recife?

Foi uma batalha, porque eu sou bem matuto — era, hoje já nem sou mais, agora como pessoa que o trabalho consumiu. Era uma batalha com a produção, porque eu queria estar sempre em Caruaru, fui criado em fazenda, em sítio. Tenho uma ligação muito forte com a natureza e não me adaptava à cidade. Mesmo em Caruaru, que é uma cidade de comércio, é a capital do Agreste, ela é madrinha de todas as cidades circunvizinhas ao redor do Nordeste, porque tem um movimento grande. Mas eu sempre ficava perto do sítio. Então foi difícil para mim. Só que o trabalho foi me chamando, me chamando, me chamando e eu me acostumei ao ritmo. Acho que acontece isso com todo artista. Quando eu voltava a Caruaru, eu sentia falta do ritmo de cidade, de Recife, de São Paulo, do Rio. E hoje eu estou: São Paulo, Rio, Recife. Já não sinto mais falta de Caruaru. Então estou meio que familiarizado com as coisas aqui.

Há quanto tempo você acabou ficando em Recife? Quando acabou se estabelecendo na cidade, mais ou menos?

Tem uns três anos. Fui chegando aos poucos, Faz um ano e alguns meses que aluguei um apartamento que estou morando só. Antes ficava na casa dos meus produtores, porque a grana ainda não dava. Estava me organizando para trabalhar. Então foi tudo pensado e verificado calmamente, milimetricamente para não sair dos trilhos. Porque para viver de arte, fazer a música que a gente faz hoje, tem que ter amor, porque não é fácil. Assim como não era em Caruaru, em Recife em qualquer lugar desse país. E está cada vez mais difícil. É preciso estar atento e forte, como na música de Caetano.

Você falou que se identificava com o trabalho do Johnny Hooker e da Liniker. A gente tem alguns artistas LGBT se destacando na música brasileira, hoje e sempre. Como você vê os nomes do cenário de hoje? No que você se sente próximo deles, além do fato de serem LGBT?

Eu me identifico muito mais com a posição deles do que propriamente com a música. Acho eles incríveis. Enquanto artistas, são muito corajosos. Essa geração da música brasileira, são muito corajosos, todos os artistas. É uma vontade de transformar tão grande, uma vontade de gritar as coisas que foram silenciadas, caladas dentro da gente. Acho que todo mundo está nesse momento de gritar, sobre sexualidade, sobre política, sobre racismo, sobre todos os preconceitos. Acho que a gente vive essa fase, e isso é muito importante para a música. Todos os artistas de antes, todas as fases, todos os movimentos foram muito importantes para que isso acontecesse agora? Sim, claro. Mas, já que está acontecendo, é necessário também se ver no outro, saber da relevância de tudo isso, para ter consciência de que novos artistas também virão e que a gente precisa fomentar isso dentro, de uma maneira que vai estar sempre se me renovando. E é por isso que eu me identifico muito.

Você, como compositor, sente também necessidade de gritar essas coisas todas que você citou?

Sim, sempre. Desde eu que comecei a compor, com 13, 14 anos. Tudo me doía e incomodava. Hoje, muito mais. O "Desempena" é isso. Ele tem uma música chamada "Por que você" (de Juliano Holanda), que a gente fez e lançou três anos atrás, no disco, que diz: "Por que você não se desarma? Por que você compra essa guerra?". A música só tem perguntas do começo ao fim: "O que você está fazendo da vida?", "Por que você come essa carne?", "Por que essa tragicomédia?", "Por que você não dorme na praia?", "Por que você veste essa roupa?", "Por que você não planta uma ideia?", "Por que você não senta e relaxa?". A música só são perguntas, é uma inquietude. E, depois de três esse anos, a gente está vivendo esse caos no Brasil. Tudo que a música estava dizendo se concretizou. Então eu acho que a gente tem esse dever, sim, a nossa geração, de denunciar as coisas que a gente está vivendo e vendo à nossa volta. Acho que é um dever. A arte tem que denunciar, tem que transformar. Só vaidade não me diz nada.

Você está sempre compondo? Ou agora, com a correria, não está conseguindo? Como é o seu processo?

Eu estou sempre compondo. Agora, não com tanta frequência, não com tanta facilidade. Admiro compositores que sentam e fazem. Eu tenho períodos de inspiração, de fertilidades. E às vezes, não. Passo um mês sem fazer nada. E às vezes acordo, em uma semana faço três músicas. Mas eu espero esses momentos de inspiração, porque tem horas que não vem. Eu não forço. Realmente vem. Mas sempre atento, sempre preocupado. Fico me munindo o tempo inteiro, para quando vier essa inspiração eu estar pronto para ela.

Você já tem músicas novas prontas, já penso em um novo álbum?

Tenho muitas músicas novas, muitas parcerias, estou louco para lançar um disco novo, mas estou freando essas vontades todas, porque estou lançando dois trabalhos: o DVD e o disco "Desempena vivo", que gravado no Teatro Santa Isabel em Recife (em agosto de 2018), que sai em julho ou agosto, e também um disco pela Biscoito Fino chamado "Acaso casa". Sou eu e Mariene de Castro, uma cantora extraordinária da nossa música. Somos nós juntos, um show acústico, com violão, bandolim e acordeom, dirigido por José Mauricio Machline. Um show belíssimo, gravado na Casa do Choro, no Rio de Janeiro (em setembro de 2018), que se transformou em um disco ao vivo. Sai ou este mês, ou em junho. Eles vão sair bem próximos. Nós vamos pegar esse outro semestre para trabalhá-los e deixar que eles alcancem o coração das pessoas. Mas eu estou louco para que eles saiam. Porque o ano foi bem complicado, está sendo bem complicado da gente se movimentar, por causa dessa política doida. Mas estamos conseguindo nos manter vivos, fortes, felizes. Então tenho que esperar esses dois lançamentos este ano para, em 2020, vir meu novo álbum. Está com todas as músicas, está tudo na agulha. Algumas eu já estou até experimentando nos shows. Vou fazer esse show com Juliano e já vou botar duas ou três. A reação das pessoas serve como termômetro, algumas já estão funcionando superbem. Uma chama-se "Uma inédita", que é de Juliano, e a outra chama-se "Não deixe que eu termine essa canção", que é minha em parceria com Ceumar. Eu fiz a letra inteira, mandei para ela, que me enviou a canção pronta. É linda, um bolero maravilhoso, bem romântico. E depois desse show com o Juliano, eu tenho apresentação no Sesc Bom Retiro, em São Paulo, com Karina Buhr, que é maravilhosa. Vou fazer também participação este mês no show de Felipe Cordeiro na Virada Cultural.

A ideia é fazer uma turnê do lançamento do DVD com a Mariene também?

É. O "Acaso casa" é como se fosse um projeto paralelo. E é tão lindo, porque o nome veio do nosso encontro, que foi um acaso, nos conhecemos uma noite e nos apaixonamos um pelo outro e um pelo trabalho do outro, e a casa, que é esse lugar do brejo da gente, do lugar do interior. O repertório é todo calcado no interior, de onde a gente veio: ela da Bahia e eu, de Pernambuco. Quer dizer, ela nem nasceu no interior da Bahia, mas sempre viveu lá. Ela é uma grande cantora, no palco é uma superintéreprete, se movimenta, e eu sou desse mesmo jeito. Realmente a gente teve um encontro muito especial.

Almério, a gente vê com muita frequência, não só no seu trabalho, mas quando se fala de alguns cantores brasileiros a referência ao Ney Matogrosso…

Sempre (risos). Um cantor não pode nascer gay que comparam a Ney, instantaneamente. Eu acho isso maravilhoso, Ney é referência, não só para cantores, mas para cantoras também. E influenciou gerações, de cantores, cantoras, mudou tudo, mexeu tudo. É uma grande referência. Mas complete, para eu ver onde você ia chegar.

Eu ia perguntar se ele é de fato uma influência. Foi alguém que você ouviu bastante? E que outros artistas são referência para o seu trabalho?

Eu adoro essa pergunta. Porque, musicalmente Ney acabou sendo uma referência inconsciente. Porque eu fui escutar mesmo ele dos 25 anos para lá. Foi assim, de me debruçar mesmo sobre a obra. Claro que eu escutei ele a vida inteira, que eu escuto muito MPB. Mas me debruçar, degustar, pegar os discos, ouvir Secos & Molhados, ver as nuances, a influência do samba, do rock, fez um discos mais lindos para mim, "Vagabundo", com Pedro Luís e a Parede. Acho fenomenal. Foi aí que eu me debrucei mesmo sobre Ney e fiquei passado. Mas o que eu cresci mesmo escutando foi Alceu Valença, Elba Ramalho, Bethânia, Caetano, Tom Jobim, Zélia Duncan, Cássia Eller. Muito Cássia Eller, muito Maria Bethânia, muito Zélia Duncan (risos). Os anos 90, aquelas cantoras. Adriana Calcanhotto, demais. Também Caymmi, Nana Caymmi. Mas as primeiras músicas que me dilaceraram o coração foram Alceu Valença cantando, quando eu era criança. Minha vizinha colocava, meu pai botava Elba Ramalho, eu dizia: "Meu Deus, que vozes! O que é isso que eles estão dizendo?" Ficava enlouquecido. Só fui saber da importância daqueles artistas quando fui crescendo. Depois eu tive a oportunidade de abrir o show do Grande Encontro, até na Europa, em Lisboa e no Porto. Foi uma coisa assim surreal, surreal. Não consigo encontrar um sentimento para explicar o que eu senti quando eu fiz essa ponte da minha infância até os dias de hoje, de poder conviver, sentar com eles, conversar com eles, vê-los, ouvi-los dizendo as histórias. Essa é realmente a minha base sonora. Mas depois a música de Caruaru, eu conheci os artistas de lá que compunham, foi conviver com eles. Quando vi a Banda de Pífanos de Caruaru pela primeira vez, quando fui morar lá, enlouqueci. Disse: "É essa sonoridade que eu quero para os meus discos." Minha base sonora dos trabalhos vem dessa sonoridade das bandas do pífano, tem a ver com a batida dos pés no chão de quando a gente dança em Pernambuco, todos os ritmos pernambucanos, que têm a ver com zabumba, que têm a ver com  som que a gente bate descalço, no cavalho marinho, forro pé-de-serra, baião. Eu trabalhei cinco anos com as bandas de pífanos em Caruaru. Eu sou essa antena parabólica ligada em todas as coisas que acontecem. Estou atento a tudo.

Vai lá:
Almério e Juliano Holanda
Quando:
Sexta, 3 de maio, às 21h
Onde:
Clube Manouche. Casa Camolese. Rua Jardim Botânico, 983 – Jardim Botânico
Quanto: R$ 30 (meia-entrada) a R$ 60

Sobre a autora

Kamille Viola é jornalista, com passagens e colaborações por veículos como O Dia, O Globo, O Estado de S. Paulo, Billboard Brasil, Bizz e Canal Futura, entre outros. Nascida e criada no Rio, graças ao jornalismo já andou pelos mais diversos cantos da cidade.

Sobre o blog

Do pé-sujo mais tradicional ao mais novo (e interessante) restaurante moderninho, do melhor show da semana à festa mais comentada, este blog busca fazer jus à principal paixão do carioca: a rua.

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