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'Tem uma desilusão em vários trabalhos musicais no Brasil', diz Ronei Jorge

Kamille Viola

16/08/2019 15h35

Ronei Jorge. Foto: divulgação/João Milet Meirelles

Desde os anos 90 no cenário musical baiano, Ronei Jorge ficou conhecido no circuito independente durante os anos que esteve à frente da banda Ronei Jorge e os Ladrões de Bicicleta, que se desfez em 2010. De lá para cá, ele fez trilhas de cinema e chegou a integrar um novo projeto, o Tropical Selvagem (ao lado de João Meirelles, do BaianaSystem). Até que deu o passo que há anos relutava em dar: se lançou em carreira solo, com o disco "Entrevista", de 2018.

Com produção musical de Pedro Sá, o disco conta com uma banda formada por Carla Suzart (voz e baixo), Aline Falcão (voz, teclado, piano e sanfona), Ian Cardoso (voz e guitarra) e Mauricio Pedrão (bateria), e as participações especiais de Moreno Veloso (voz e percussão), Joana Queiroz (clarinete e clarone) e Luana Carvalho (caxixi). A sonoridade tem mais influência da MPB do que os trabalhos do antigo grupo de Ronei, com destaque para os coros femininos, inspirados por nomes como Tom Jobim (na fase com a Banda Nova), Itamar Assumpção e Arrigo Barnabé.

Nas letras, um certo desencanto permeia o disco, ele admite. "Eu acho que tem essa desilusão, e acho que tem em vários trabalhos que eu vejo no Brasil, um certo desânimo, desilusão, pessimismo, por conta de tudo", analisa Ronei Jorge em entrevista ao blog. "Mas alguns são mais imediatos, mais diretos, e outros acho que tocam justamente nesse ponto do desânimo do ser humano em geral", compara. 

Esse é o seu primeiro show solo no Rio. Quando foi a última vez em que você se apresentou por aqui?

Vixe, tem tempo! Eu fiz com a Ladrões de Bicicleta, a banda que eu tinha, no Cinematheque (casa que existiu entre 2007 e 2010). A gente fez numa casa também, mas foi no Cinematheque que a gente fez o disco de fato, o "Frascos comprimidos compressas". Mas tem muito tempo, mais de dez anos.

Você vem numa fase solo bem recente, porque depois que acabou o Ladrões de Bicicleta você chegou a ter um outro projeto, o Tropical Selvagem, né? Seu disco solo é do ano passado.

Isso. Eu fiz esse projeto, o Tropical Selvagem, com o João Meirelles, que toca no Baiana (System). Era um projeto bem diferentes, com umas composições minhas que eu dava para ele arranjar com bases eletrônicas e tal, e e a gente se juntou com uma artista plástica, Lia Cunha. O grupo era os três: eu, como compositor; o arranjador e músico e a artista. Então sempre tinha uma intervenção visual. Mas a gente não chegou a circular com ele: a gente fez um disco artesanal, com 50 cópias, acho, feito à mão, que a Lia fez. Mas aí eu fiquei um tempo produzindo trilhas, fazendo coisas que não eram de show. Aí, em determinado momento, um amigo meu falou: "Vão ter umas noites aqui com artistas solo. Cadê seu trabalho solo?" Meio que foi um pontapé para eu preparar esse trabalho. Juntei uma banda, chamei pessoas que eu conhecia e outras que não conhecia tanto, mas admirava o trabalho, e fizemos o disco.

Isso tudo foi você hesitando em se lançar como artista solo?

Isso é engraçado, porque eu resisti muito a ser artista solo. Eu gosto muito de banda, gosto muito de ter músicos comigo para trocar ideia, para ver a música que eu faço de outra forma também, não ficar só o meu olhar, o meu jeito de pensar música. Eu gosto muito dessa coletividade. Então, quando terminou a Ladrões, eu procurei João, e foi uma parceria. Eu falei: eu não pretendo fazer um trabalho que seja um rompimento enorme com o que eu fiz esse tempo todo com banda — desde 93 eu tenho banda em Salvador. Eu disse: mesmo sendo trabalho solo, eu vou montar um grupo fixo para lançar o disco. Estava há muito tempo com essa ideia de ter vozes femininas — que no disco da Ladrões tem, fazendo solo comigo, mas não como coro. Eu estava ouvindo bastante essas coisas que têm esses coros femininos bem proeminentes, Tom Jobim com Banda Nova, Itamar, Arrigo, esses diferentes modos de trabalhar eles. E acabou que nesse disco eu acho que tem um pouquinho de cada um desses coros: a coisa suave da Banda Nova, esse jogo mais teatral de Itamar e Arrigo, tem umas coisas mais pops também, que tem no trabalho de Gil, Caetano. Foi uma coisa que permeou o disco todo. E aí eu chamei Aline Falcão, que é tecladista e cantora, e ela tocava numa banda chamada Pirombeira em Salvador. Chamei Carla Suzart, que toca baixo e canta no disco. Ela é amiga de João Meirelles e tinha tocado no Tropical em algumas oportunidades. E (Mauricio) Pedrão é o batera do Ladrões de Bicicleta e Ian (Cardoso Sousa, guitarra) eu fui júri de um prêmio de música, vi Ian tocando, também no Pirombeira, e achei ele um superguitarrista, chamei e montei esse grupo. Pedro Sá tinha produzido o "Frascos", e eu acho maravilhoso o tipo de abordagem dele, é um cara que deixa a gente à vontade no estúdio, e ele se tornou um amigo, e eu chamei ele de novo para produzir.

Você acha que o fim da banda acabou sendo por esse desejo de mudar o som? Não que ele seja completamente diferente do que você fez antes, mas você mesmo já listou algumas diferenças, como essa coisa do vocal feminino. Acho que também dá para dizer que é menos marcadamente roqueiro. Isso também já vinha sendo sua vontade? Você tinha composições guardadas esse tempo que ficou fazendo trilha?

É, eu tinha algumas músicas. Mas não foi um desejo meu, não. Na verdade, a Ladrões era bem específica, porque só eu trabalhava somente com música. Os outros membros tinham trabalhos diários, de entrar todo dia de manhã e sair 18h e tal. E aí teve um momento em que a gente começou a viajar muito pouco por conta disso. A gente recebia até alguns convites. E era engraçado, que alguns organizadores falavam: "Pô, nós queremos trazer vocês aqui, mas é chato, porque vocês não podem viajar tais dias." A gente viu que estava ficando uma coisa meio complicada, cansativa para eles, principalmente, porque eles tinham uma rotina puxada. Primeiro, o guitarrista falou que não ia dar. A gente tinha essa ideia de sonoridade muito específica, cada um tinha uma contribuição muito forte. Eu não achei que eu deveria continuar com o nome Ronei Jorge e os Ladrões de Bicicleta, porque aquilo era muito característico. Aí eu me vi numa situação em que ou eu montaria outro grupo, ou eu tentaria a carreira solo. Como eu disse, esse chamado desse meu amigo meio que acendeu a luz verde para dizer: "É agora, velho, vai. Segue aí, chama uma banda, alguém que você ache que musicalmente vai pode trabalhar essas canções novas bem." Já era um novo tipo de olhar para essa composição, uma coisa ainda mais ligada à música brasileira — que já tinha na Ladrões, mas, como você disse, menos roqueira. Isso acabou ficando natural. Não foi uma decisão minha, eu meio que fui colocado nessa situação (risos). E achei também que seria uma experiência muito boa, positiva. É outra abordagem.

Você trabalha com música desde os anos 90. O cenário musical, tanto do Brasil como de Salvador, mudou para caramba nessas décadas. Como você vê as coisas hoje? O país está com um olhar para a cena independente baiana, alguns artistas daí hoje moram em São Paulo, mas mesmo os que moram em Salvador ainda estão chamando atenção. Como está a cena?

Isso é interessante. Eu acho que, em qualquer cidade, a gente que está dentro vê as coisas acontecendo. Só que o olhar ainda é muito determinado por São Paulo e Rio. E claro que coincide também com algum tipo de diálogo musical da cidade com o resto do país. Não sei… A gente que está dentro acompanha essa cena já há um tempo. Mas acho que o que acontece também, eu sempre penso nisso, é que Salvador teve um período em que a música pop daqui era o axé. Isso foi muito determinante para que ficasse uma certa monocultura, a gente ficou muito marcado pelo axé. Que produziu coisas interessantes e tal, mas isso tomou conta do discurso da cidade, ela ficou sendo olhada dessa forma. Como se fosse o mangue bit para Recife, só que de maneira exponencialmente maior, em termos de popularidade.

Como a indústria abraçou o axé, né?

É. E pensar que Luiz Caldas foi abertura de novela, a Daniela Mercury… E aqui virou um reduto forte, tinha uma gravadora em Salvador. Virou um produto da própria cidade, tinha uma retroalimentação. Acho que isso foi preponderante no discurso do que seria a música baiana. Mas, ao mesmo tempo —  e é normal, o país é muito grande —, e é meio sazonal, que principalmente São Paulo olha para determinados estados com curiosidade em certos momentos. Foi Pernambuco, Pará e agora é a Bahia. Existe um pouco essa movimentação. Para dos baianos percebeu isso e sentiu que seria bom ir para São Paulo para criar essa comunicação mais de perto, e vivenciar essa experiência, e aí isso acho que se acentua, né? Os pernambucanos acabaram fazendo isso, foram para São Paulo e ficaram muito evidentes. Com trabalhos muito bons, mas ajuda muito na evidência você estar lá, fazendo shows, perto dos meios de comunicação… Acho que nesse sentido mudou bastante o cenário. Salvador está sendo vista de uma maneira diferente. E é ótimo isso, porque tem realmente coisas bem interessantes.

Acha que isso melhora, por exemplo o circuito de shows para quem é independente?

Acho que já teve um momento um pouco melhor de casas, acho que as casas estão sofrendo um pouco hoje por conta da situação do Brasil mesmo. Acho que existem festivais que acontecem, tem o Radioca, que acontece — é meio cabotino, porque eu faço esse festival também (risos). Ele também é um programa de rádio (com Luciano Matos e Beto Barreto), e a função dele, do programa e do evento é essa: trazer os artistas para cá para que tenha esse diálogo com os daqui. O público sempre se interessou. Depois que o axé foi deixando de ser essa coisa tão forte, foi mudando o perfil, tem uma garotada, uma juventude que já vê que tem outro tipo de música aqui. No geral, é uma mudança meio paulatina, não é uma coisa explosiva. A gente não vê um artista local tocar numa casa e ter público para caramba. Não acontece isso. O que acontece é que os artistas de Salvador que estão em São Paulo e vêm para cá já muda um pouco. E os artistas de fora que vêm para cá já têm mais público que antes. Nesse sentido, ficou mais efervescente a cena. Mas ainda vejo a mídia tímida em relação a isso, as casas são poucas.

A internet facilita essa cena independente a se manter. A gente vê os festivais, as pessoas hoje já se programam para viajar para eles. É uma coisa interessante dos últimos anos.

Uma coisa que eu acho, estava até conversando com uma amiga, Livia Nery: teve um ponto aí em que a gente esqueceu um pouco a rádio. Ela tem um alcance maravilhoso. Em algum momento, a cena independente se divorciou da rádio, da TV, de um lugar do qual a gente poderia estar participando. Claro, tem essa coisa do sertanejo, existe esse mainstream mais viciado. Mas acho que nós também abandonamos um pouco. A gente se satisfez com Instagram e festivais. Eu vejo tantos trabalhos aí que poderiam estar tocando na rádio, poderiam estar na televisão, poderiam estar com público até maior, o discurso acabar sendo mais abrangente, atingir mais pessoas. Não sei, acho que rolou um corte que a gente perdeu esse bonde, essa coisa que na verdade as gravadoras faziam, de ir na rádio, levar… Tinha o jabá também, mas (risos)…

Pois é, isso que eu ia falar. Acho que existem ainda alguns espaços independentes nas rádios, mas é uma coisa bem específica.

É específico, mas vou tirar pelo que eu faço, que é um programa na Rádio Educadora, que é do governo. A gente não tem uma mobilização para colocar música. Eu vejo um pessoal da rádio, eu faço isso também, Luciano faz, Beto faz, a eu vejo a coordenadora da rádio indo atrás de artistas e falando: "Bote sua música lá." Concordo com você, tem rádios que não vão estar nem aí se não tiver uma grana, ou alguma troca, ou achar que não têm a ver o som. Mas existem lugares onde poderia ter, e eu não vejo essa mobilização. Acho que a gente meio que perdeu o hábito de frequentar outros veículos que seriam superpoderosos. Imagina uma música de Giovani Cidreira estar tocando em Salvador na rádio e no Pará e no Rio Grande do Sul. O alcance é fantástico.

É, a gente talvez não se ligue no alcance que a rádio ainda tem no Brasil. É um outro público, né?

É um outro público, mas também tem essa coisa assim: será que não pode ser o público também? Às vezes você está no engarrafamento, aí está tocando Wado. Aí o cara ouve: "Pô, gostei desse cara!". Né (risos)? Eu vejo que é possível. Não sei se é uma utopia ou sonho que eu tenho (risos). Assim como no programa a gente toca uma leva de artistas independentes, sei lá, 13 artistas em uma hora de programa, quando eu ouço ele, e algumas pessoas que escutam comentam, a gente não está tocando nada tão radical, sabe?

Sei, tem um potencial pop.

Tem. Como eu acho que o rock brasileiro coincidiu com a indústria mas a gente já ouviu músicas que talvez, se não estivessem entrado na rádio, não sei se fariam sentido… E a gente ouviu, e se acostumou com aquilo, e beleza, massa, gosta (risos). Então eu acho que daria, sim.

Agora que você está solo, lançou um disco ano passado, tem viajado mais, está fazendo mais shows?

Então, isso é difícil, viu (risos)? É difícil para caramba. É muito caro. O que me ajuda um pouco são outros trabalhos que eu faço, tipo trilha, o festival. Essas coisas vão conseguindo segurar um pouco a onda, porque, pelo trabalho solo só eu acho difícil. Eu consegui fazer um show em São Paulo, no Centro Cultural São Paulo, bem legal. Agora que estou fazendo Rio e Goiânia. Fiquei muito feliz com o lance de tocar aí no Rio. Muito mesmo. Porque esse disco tem um monte de carioca, Joana, Luana, Pedro, Moreno, que é meio a meio (risos). É um lugar que eu acho supermusical, acho muito massa o que foi e é produzido aí. A gente tinha feito com a Ladrões muito São Paulo, e pouco o Rio. Então vai ser ótimo.

O Rio também tem seus problemas de lugar para show para artista independente.

É, eu senti isso. Aí parecia muito com Salvador: muita música, muita coisa, mas não tinha muito lugar para tocar.

Sinto que seu disco traz uma certa coisa, talvez um desânimo, o que a gente vê em alguns trabalhos hoje, conectados com o momento que o Brasil está passando. Como você avalia o tom que seu trabalho acabou tendo?

Eu acho que o meu trabalho… Como eu posso dizer? Ele toca nesse ponto que você fala, algumas músicas têm essa desilusão, essa coisa meio "olha no que deu, as coisas são um pouco assim, mas porra, como é foda" (risos). Tem isso, mas, ao mesmo tempo, eu acho que nunca foi uma coisa assim tão direta. Eu sinto que alguns artistas que são mais diretos e têm uma resposta do público que é imediata. Tem uma coisa que se retroalimenta: ele manda para o público, o público vai pedindo e ele vai dando. Aí o artista começa a se sentir meio enclausurado dentro daquela relação. Isso é uma coisa que eu nunca fiz muito. Isso nem foi muito pensado por mim. Sempre quando eu faço a música, estou fazendo pensando numa coisa que diga muito como eu penso música, mas que seja de certa forma universal, não seja tão localizado ou colocado em uma prateleira ou uma gaveta tão específica. No texto também, vejo um pouco assim. Eu acho que tem essa desilusão, e acho que tem em vários trabalhos que eu vejo no Brasil, um certo desânimo, desilusão, pessimismo, por conta de tudo. Mas alguns são mais imediatos, mais diretos, e outros acho que tocam justamente nesse ponto do desânimo do ser humano em geral. De você ter isso tanto para uma relação amorosa como para uma questão política como para uma questão de violência. A violência vai estar não só na relação policial somente, pode estar na relação familiar, em conflitos amorosos, não vai ser só física. Mas acho que esse tom acho que se abateu por tudo mundo.

No seu caso seria mais de uma forma existencial, e não política?

Eu acho que termina sendo política, mas é uma observação muito particular. Por isso também eu acho que tenta ser uma coisa um pouco mais ampla. Tem a música que fala um pouco do linchamento, e aí tem a coisa da internet também, ou das manifestações das pessoas que acusam os outros. Também não é uma coisa partidária, mas é uma observação, que é algo que tem se tornado uma prática de hoje, quando é um linchamento de fato acaba sabotando algumas nuances de questões que são mais ricas. Porque é gente, então tem um monte de coisa que acontece ali. No disco eu acho que tem isso um pouco — não sei, eu acho. E também faixas que não tocam diretamente isso, são mais de relações mesmo, que é um tema que sempre volta — não necessariamente românticas, são encontros, desencontros, o modo de perceber as coisas —, tem comentário sobre músicas, várias coisas. Mas esse assunto que você trouxe eu acho que no disco tem em vários pontos, é verdade.

O que te motiva como compositor?

Eu acho tem um monte de coisa. Porque, ao mesmo tempo que tem essa fagulha que acontece quando você vê uma coisa que te chama atenção e aí você vai escrever, às vezes tem um violão que você está tocando, aí surge uma frase e aí aquilo ali meio que te leva pela mão, você vai se embalando, e vai depois mexendo naquilo, fazendo aquilo ter um sentido para você. Acho que tem da observação, tem do impacto das coisas que acontecem na sociedade e na sua vida particular, mas tem também essa chama que eu acho importantíssima. Que acaba também puxando a orelha do artista para que, sempre que ele comente alguma coisa, tenha uma estética forte, tenha algo que não seja só um comentário, tenha algo que possa também abraçar o ouvinte, chamar a atenção dele para alguma coisa musical, algum gesto na canção que você fez, alguma coisa ali, ou no texto mesmo, algum exercício de linguagem que você usou. Acho que tudo isso está no bolo, vai entrando naquele caldeirão para você fazer a coisa. Apesar de eu ter composto mais falando de relações, não me vejo como um autor temático. Eu acho que tem momentos. Tem discos em que meu texto estava um pouco mais solto. Nesse álbum mesmo as letras são mais simples, mais pé no chão.  Mas ao mesmo tempo também é um texto que tem algumas observações que eu talvez não tenha feito antes no meu trabalho, esse reflexo social das pessoas e tal. Isso era uma coisa que eu nunca comentei tanto, pelo menos não de forma tão direta. Mas eu acho que sempre tem que ter essa camada do que a gente convencionou chamar de arte, essa coisa que é esse olhar diferente, para que a pessoa e fale: "Pô, não tinha percebido isso." Seja na música, ou na letra. É surpreendente, interessante, me remete a outro lugar. Isso é superimportante, a gente não pode perder. Não pode virar só discurso. O discurso é importante, mas a gente tem que atacar outros lugares na cabeça das pessoas. Eu vi uma artista plástica performática falando uma coisa que é supersimples e que acho que está na cabeça de todo mundo, mas ela ter dito foi bem legal. Ela falou: "Eu sou militante política nas redes, mas, quando eu vou fazer arte, se não tiver um troço estético embalando isso, eu jogo fora. Se for parecido com o que eu estou escrevendo ou na rua falando… Se eu estou conversando com as pessoas no bar sobre política, é uma coisa. Mas, quando eu estou ali para fazer o meu trabalho, a minha performance, está ali o bate-papo, mas estou embalando com minhas experiências artísticas." Eu achei isso bacana.

Vai lá:
Ronei Jorge
Quando: Sexta-feira, 16 de agosto, às 20h
Onde: Centro da Música Carioca. Rua Conde de Bonfim, 824 – Tijuca
Quanto: R$ 10 (meia-entrada) e R$ 20

Sobre a autora

Kamille Viola é jornalista, com passagens e colaborações por veículos como O Dia, O Globo, O Estado de S. Paulo, Billboard Brasil, Bizz e Canal Futura, entre outros. Nascida e criada no Rio, graças ao jornalismo já andou pelos mais diversos cantos da cidade.

Sobre o blog

Do pé-sujo mais tradicional ao mais novo (e interessante) restaurante moderninho, do melhor show da semana à festa mais comentada, este blog busca fazer jus à principal paixão do carioca: a rua.

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