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'Hoje a funkeira é a mulher que todo mundo gostaria de ser', diz Valesca

Kamille Viola

23/02/2020 06h00

Lá se vão 20 anos desde que Valesca Popozuda formou o grupo Gaiola das Popozudas, que conquistou projeção em um meio tão dominado pelos homens como era o funk na época. Em 2012, saiu em voo solo e começou a preparar a nova fase de sua carreira, em que se aproximou do pop e passou a lançar músicas com letras mais brandas.

Em novembro de 2012, no entanto, ela lançou "Furduncinho", com letra mais apimentada que a de seus outros trabalhos solo, que tem entre os autores dois dos responsáveis por "Beijinho no Ombro", André Vieira e Wallace Vianna. "O meu público sempre foi adulto e ele sentiu falta do proibidão. Os meus fãs me cobravam muito. E aí eu quis comemorar os meus 20 anos de carreira do jeito que eu comecei", conta Valesca.

Outras cantoras alcançaram o sucesso no funk depois dela, mas a carioca de 41 anos, cria de Irajá, jamais perdeu seu posto. O sucesso pode ser medido nas redes sociais, onde é bastante ativa, sobretudo no Twitter (onde tem 1,6 milhão  de seguidores, além de 2,8 milhões no Instagram e quase 600 mil no Facebook).

Valesca comemora o momento das mulheres no funk e acredita que o universo desse gênero musical já não é tão preconceituoso assim com elas. "Se você notar, todas as músicas nos 'tops' são com mulheres, que estão fazendo sucesso", diz. "O machismo também não é mais tão forte como era antigamente. Mudou bastante, melhorou muito. Antes, não era aceitável que uma mulher dominasse um baile funk. Ela era retratada nas músicas somente como uma "tchutchuca". Hoje em dia (risos), nós, mulheres, somos rainhas. E aquela mulher que todo mundo gostaria de ser", festeja. 

Nas prévias carnavalescas, ela participou do Bloco da Favorita e de um dos ensaios abertos do Amigos da Onça, além de ter dado pinta na plateia do Bloco da Claudia, de Claudia Leitte. Nesta segunda, ela é uma das convidadas do Bloco da Pocah, que acontece nos Jardins do MAM. "Eu amo carnaval", diz a cantora, que já foi madrinha e rainha de bateria de escolas de samba de São Paulo e do Rio.

Como é sua relação com carnaval? O que gosta de fazer quando não está trabalhando?

Eu amo carnaval. Quando eu não estou trabalhando, com certeza eu estou na Avenida. E, às vezes, até trabalhando e me divertindo também.

Como se prepara para a maratona nessa época?

Eu faço uma alimentação balanceada, faço muito aparelho de estética, drenagem, que eu gosto muito e que já me ajuda bastante.

O funk está novamente numa fase de destaque. O que acha do atual momento do estilo? E do atual momento das mulheres do funk?

Está maravilhoso. Se você notar, todas as músicas nos "tops" são com mulheres, que estão fazendo sucesso. Não podemos esquecer que é em função do público, que tem aceitado cada vez mais a mulher no funk.

Você já falou algumas vezes sobre o machismo no funk. Acha que as coisas mudaram nesse sentido?

O machismo também não é mais tão forte como era antigamente. Mudou bastante, melhorou muito. Antes, não era aceitável que uma mulher dominasse um baile funk. Ela era retratada nas músicas somente como uma "tchutchuca". Hoje em dia (risos), nós, mulheres, somos rainhas. E aquela mulher que todo mundo gostaria de ser.

Com o 150 BPM, o Rio voltou a ter protagonismo na cena funk. O que acha do estilo?

Eu gosto muito do funk carioca, não tem como não ter um estilo próprio. Ninguém resiste a um 150 BPM com uma boa batida. Fico feliz em ver que o funk tem dado muito a volta por cima.

Você conquistou um novo público com músicas com letras mais "leves". Por que quis voltar a cantar músicas mais explícitas?

O meu público sempre foi adulto e ele sentiu falta do proibidão. Os meus fãs me cobravam muito. E aí eu quis comemorar os meus 20 anos de carreira do jeito que eu comecei. E eu tenho orgulho da minha raiz, sabe? Então eu quis dar esse presente tanto para eles como para mim.

Mulheres são muito cobradas pela imagem, e famosas mais ainda. Como lida com essas cobranças e o passar do tempo?

Parei de ceder a tanta cobrança. Faço as coisas para me sentir bem. Chega de dietas malucas, de horas e horas em academia. Eu procuro manter a saúde, que eu acho que é o principal, e o resto a gente corre atrás.

Vai lá:
Bloco da Pocah
Quando: Segunda, 24 de fevereiro, às 16h
Onde: Jardins do MAM. Avenida Infante Dom Henrique, s/nº – Aterro do Flamengo
Quanto: De R$ 15 (2º lote pista, meia) a R$ 60 (1º lote backstage, inteira)

Sobre a autora

Kamille Viola é jornalista, com passagens e colaborações por veículos como O Dia, O Globo, O Estado de S. Paulo, Billboard Brasil, Bizz e Canal Futura, entre outros. Nascida e criada no Rio, graças ao jornalismo já andou pelos mais diversos cantos da cidade.

Sobre o blog

Do pé-sujo mais tradicional ao mais novo (e interessante) restaurante moderninho, do melhor show da semana à festa mais comentada, este blog busca fazer jus à principal paixão do carioca: a rua.

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