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Lenda do dub, Mad Professor se apresenta domingo no Rio

Kamille Viola

29/12/2019 08h00

Mad Professor se apresenta domingo na Casa da Glória. Foto: divulgação

Mad Professor é quem começa a entrevista: "Você é do Rio ou de São Paulo?", pergunta. Respondo: "Do Rio." E ele emenda: "Estou apaixonado por uma garota do Rio." "Quem é ela?", quero saber. "Uma Garota de Ipanema", ele se diverte. "Qual o nome dela?", insisto. "Maria." Eu: "Maria, arram. Como vocês se conheceram?". Ele: "Não a conheci ainda. Mas ela está em meus sonhos. Eu só sonho com ela. Tenho que encontrá-la um dia."

Neil Joseph Stephen Fraser, nascido na Guiana e radicado na Inglaterra (mais especificamente, em Londres) desde os 13 anos, é uma lenda viva do dub. É também um velho conhecido do Brasil — e vice-versa. Trabalhou com nomes como Chico Science & Nação Zumbi, Marcelinho Da Lua e Cidade Negra, entre outros. Aos 64 anos, com um álbum prestes a ser lançado, "Riddim and Dub 2019", previsto para janeiro de 2020, e produzindo o seguinte, ele se apresenta este domingo na Casa da Glória, ao lado de Marcelinho Da Lua e Digitaldubs. De seu estúdio em Londres, ele conversou com o blog.

Você já esteve no Brasil e no Rio muitas vezes. Queria saber: como foi o tempo que você passou aqui? Como foram suas experiências aqui?

Bem, a primeira vez que eu fui ao Brasil acho que pousei no Rio e pensei que era um lugar tão lindo, muito lindo, gostei mesmo da cidade. É, eu estive por toda a parte (no Brasil), estive em Curitiba, Santa Catarina, Fortaleza — gosto muito de Fortaleza —, Recife, Bahia, muitos lugares. Brasília, Londrina… É um país fascinante. É difícil de acreditar que tenha sido desenvolvido em um tempo tão curto. É muito fascinante.

E a música? Você gosta de alguma coisa na música brasileira?

A música brasileira é um belo encontro entre ritmos africanos, caribenhos e europeus. É unica. É um lugar muito especial mesmo em termos de música.

Você é da segunda geração do dub e está sempre lançando discos. Como vê o dub hoje em dia? A cena, os trabalhos…

O dub é uma dos primeiras formas criativas technomusic, onde o engenheiro formata e reformata a coisa toda. É muito importante nesse sentido.

E o que você pensa da música hoje em dia? Gosta dos trabalhos que tem visto e escutado por aí?

Bem, eu não ouço tanta música moderna assim. Na verdade, quase não ouço.

O que gosta de ouvir?

Eu sou apaixonado pelo som dos anos 70. A maior parte do que eu escuto é da década de 70. Eu quase não ouço música feita agora, porque eu não gosto muito da tecnologia de fazer música com computadores, então eu não escuto muito isso.

Então você não usa computadores para compor e fazer música?

Não, não uso.

É verdade que você quase comprou um terreno no Brasil há uns anos?

É. Fiquei tentado (risos).

Onde no Brasil? Você se lembra?

Sim, era perto do Rio. Perto de Niterói. Eu gosto muito dessa parte.

E por que desistiu?

Porque estava ficando complicado para entender português. Então eu vou comprar no futuro, quando conseguir entender mais da língua.

Então talvez um dia…

É, um dia, um dia. Quando eu passar a falar mais a língua.

Você já fala português?

Não… Quando eu estou no Brasil, eu falo, e aí quando eu vou embora, esqueço (risos). Que vergonha.

Você fez uma tour com o Lee Perry aqui há alguns anos (em 2015). Como foi?

Bem, eu fui ao Brasil com o Lerry talvez quatro ou cinco vezes… E também estive com o Natiruts. Também fiz alguns turnês com o Natiruts. Você conhece Natiruts?

Sim, claro.

Trabalhei em álbum com eles também (ele mixou "Raçaman", de 2009).  Esse tipo de música é muito bom.

Mas o Lee Perry faz o mesmo tipo de música que você. Ele é uma lenda do dub, você também, só que de uma geração diferente. Como é trabalhar com ele?

Não tão diferente assim (o jamaicano Lee Perry tem 83 anos, Mad Professor tem 64)… Bem, agora faz 40 anos que venho trabalhando com ele. Então não é bem uma geração diferente. Ele é alguns anos mais velho eu, mas não é muito diferente. Não mesmo. Tem sido sempre divertido.

O que as pessoas podem esperar da sua apresentação domingo aqui?

Diga a elas para esperar qualquer coisa. Certo (risos)?

Está trabalhando em algum material novo?

O tempo todo. Já comentei com você que neste momento estou no estúdio trabalhando em um material novo.

E vai trazer esse material novo para o Rio?

Sim, vou levar algumas dessas músicas. Músicas novíssimas, novíssimas. Vocês vão ouvir.

Você está preparando um novo álbum?

Sim, sim. Eu tenho saindo, que foi feito em 2019, e… É, tenho algumas coisas a caminho. Muitas coisas.

E o disco que você gravou em 2019 já tem nome?

Sim. "Riddim and Dub 2019″. Vou te mandar a capa. Vou te mandar algumas coisas. E algumas faixas também. Aí você vai poder ver e ouvir.

A capa do próximo álbum, previsto para janeiro

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Pré-Réveillon na Casa da Glória
Quando: Domingo, 29 de dezembro, das 16h20 à meia-noite
Onde: Casa da Glória. Ladeira da Glória,  98 – Glória
Quanto: R$ 35 (2º lote) e R$ 45 (3º lote)

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Sobre a autora

Kamille Viola é jornalista, com passagens e colaborações por veículos como O Dia, O Globo, O Estado de S. Paulo, Billboard Brasil, Bizz e Canal Futura, entre outros. Nascida e criada no Rio, graças ao jornalismo já andou pelos mais diversos cantos da cidade.

Sobre o blog

Do pé-sujo mais tradicional ao mais novo (e interessante) restaurante moderninho, do melhor show da semana à festa mais comentada, este blog busca fazer jus à principal paixão do carioca: a rua.

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