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Letrux após um ano de climão

Kamille Viola

13/07/2018 10h37

Letícia Novaes comemora um ano do projeto Letrux. Foto: Divulgação/Antonio Brasiliano

"Flutuarei no salão. Muitos corpos comigo surfarão…" Há um ano, mais especificamente em 10 de julho de 2017, a cantora carioca (e tijucana) Letícia Novaes lançava esses e outros versos no disco "Letrux em noite de climão", seu primeiro trabalho depois de nove anos no duo Letuce, com o qual lançou e três álbuns ao lado do músico Lucas Vasconcellos, seu ex-marido. De lá para cá, muitos corpos surfaram ao som da cantora em shows que percorreram inúmeras cidades do país, muitas vezes com ingressos esgotados. Letícia viu sua carreira atingir outro patamar, com direito a conquistar o Prêmio Multishow de Melhor Disco do Ano, desbancando ninguém menos que Chico Buarque.

Produzido por ela, Natália Carrera e Arthur Braganti, que também integram sua banda, o trabalho levou a música de Letícia para outra direção, apostando em sonoridades dançantes com forte influência dos anos 80 emoldurando letras ao mesmo tempo melancólicas e com humor ácido. Tristeza para curtir na pistinha. "Bota na sua cabeça que isso aqui vai render", repete a cantora na faixa de abertura. E não é que era uma espécie de previsão?

Nesta sexta, primeira vez, Letícia e sua banda serão a atração principal no Circo Voador (em noite que terá as participações de Linn da Quebrada e do Bloco Toco-Xona, com abertura de Jeza da Pedra e DJ Tata Ogan nos intervalos), no show que comemora um ano de "Climão". Fiz uma das primeiras matérias do Letuce, logo que a dupla foi lançada — o nome da banda ainda tinha dois "t", e reproduzimos numa foto com Letícia e Lucas a capa do disco "Rita Lee e Roberto de Carvalho", de 1982, aquele que imita uma piscina com plástico — e fico muito feliz com a evolução do trabalho da cantora e o crescimento de seu público. Bati um papo com ela para o blog sobre esse ano que se passou desde o lançamento do álbum "Letrux em noite de climão" e descobri algumas histórias, como a do fã que tatuou uma parte de uma letra do disco e a tatuadora errou, então ele vai ter que cobrir, como acontece na canção "Além de cavalos"…

Com o Letrux em noite de climão você viajou o Brasil, ganhou prêmio… Que fatos ou momentos você pode destacar que tenham feito você pensar: "Caramba, isso está acontecendo mesmo?"

Acho que o dia do prêmio foi um dia bem surreal da minha vida, porque eu realmente não esperava. Então ali deu-se início a um lugar muito curioso, e mais fãs, e mais gente cantando, marcando. O primeiro show em São Paulo também foi forte, porque parecia um show 'The Greatest Hits' e era apenas o primeiro show. Mas todos cantavam mais alto que a gente. Inesquecível.

Esse disco também levou a sua carreira para outro patamar, em termos de alcance, de público, de seguidores nas redes. Aliás, se você souber os números disso, seria maravilhoso… Seu dia a dia mudou por conta disso, desse crescimento da sua base de fãs? Se sim, o que mudou no seu dia a dia por conta dessa história?

Eu não lembro quantos números eu tinha antes, mas aumentou consideravelmente, sem dúvida. Acho que não tem nenhum dia da vida que alguém não me pare na rua e diga que curte minha música. É engraçado. Recebi mensagens bonitas e amorosas de pessoas do mundo todo (sim, do mundo!) comentando sobre como minha música é trilha da vida delas. Me emociona.

Esse disco, essas músicas, são um tanto catárticos, o show também. O que você costuma receber mais de mensagens ou escutar dos seus fãs?

As pessoas me contam da vida delas, de como o disco ajudou a superar uma deprê, ou de como o disco foi trilha de uma viagem incrível que fizeram com amigas ou um romance. Sinto que eu me emocionei tanto ao compor que a ponte foi feita. As pessoas também se emocionam. O ciclo é lindo.

Teve alguma mensagem ou abordagem sobre o disco que te marcou ou encantou mais, alguma história?

Algumas histórias engraçadas. Teve o rapaz que quis tatuar uma letra e a tatuadora errou, e agora ele vai ter que cobrir, tipo a musica "Além de cavalos", risos. Tem gente que diz que chora a vida com "5 Years Old" e "Amoruim", e muitas pessoas fritam e dançam ao som de "Flerte Revival", não tem um final de semana que não me marquem em alguma pistinha, seja em boate ou seja no quarto de alguém… Me divirto vendo.

Você já começou a compor para um próximo trabalho? Costuma criar quando está na estrada, ou você para e diz: "Vou me concentrar e compor para um disco"? Como é isso?

Ainda não estou compondo. Não tenho muita pressa. Talvez eu tire um ano para fazer outras coisas que não música. Eu amo música, mas ela não é minha vida, sabe? Tenho muitos interesses artísticos… Como escrever uma peça, um novo livro. Só vou compor quando vier, de maneira genuína mesmo. Fazer 'Letrux 2' só para ter, só para constar, não vai rolar. Tudo vem a tempo no seu tempo.

Eu me lembro que você falou das interpretações que os jornalistas davam para as composições do disco. Você acha que de alguma forma você sofreu com um olhar machista? Acha que, se fossem mais mulheres falando do seu trabalho, poderia ter sido diferente?

Acho que, de alguma maneira, senti que muitos homens resenharam achando que esse disco era sobre minha separação com o Lucas. Sendo que já nos separamos há cinco anos e fizemos um disco sobre a separação, que se chama "Estilhaça". Namorei, me apaixonei, experimentei, casei de novo, vivi, fiz muuuuitas coisas de lá para cá, então me deu preguiça me reduzirem a esse lugar, sabe? "Fiz a musica pro Lucas…" Putz. sem tirar a importância da vida dele na minha vida, mas sabe, deu preguiça de ler. Sinto que, quando as minas resenharam, foram um pouco mais além na complexidade do que o disco trata.

Desde quando você fez o primeiro show do disco, na Tijuca, até agora, que você vai comemorar no Circo um ano do disco, muita coisa se passou, aconteceu. Por que você escolheu o Circo para a comemoração? E de onde veio a ideia de celebrar um ano de lançamento?

Sim, esse um ano foi das coisas mais fortes da vida. O Circo é o lugar mais astral do Rio, amo muito. Ainda não tocamos lá enquanto atração principal, então estamos muito felizes. Meu aniversário cai 5 de janeiro, quase nunca dá para fazer festa, geral de ressaca ou viajando, então, quando eu posso celebrar, eu celebro. Sexta (hoje) vai ser assim.

Vai lá:
Letrux: Um ano de Climão no Circo Voador
Quando: 13 de julho, às 22h (abertura dos portões)
Onde: Circo Voador. Rua dos Arcos, s/nº – Lapa. Telefone: (21) 2533-0354
Quanto: R$ 50 (com 1kg de alimento) e R$ 100

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Sobre a autora

Kamille Viola é jornalista, com passagens e colaborações por veículos como O Dia, O Globo, O Estado de S. Paulo, Billboard Brasil, Bizz e Canal Futura, entre outros. Nascida e criada no Rio, graças ao jornalismo já andou pelos mais diversos cantos da cidade.

Sobre o blog

Do pé-sujo mais tradicional ao mais novo (e interessante) restaurante moderninho, do melhor show da semana à festa mais comentada, este blog busca fazer jus à principal paixão do carioca: a rua.

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