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Festival Ultrasonidos une artistas brasileiros e outros latino-americanos

Kamille Viola

21/06/2019 18h31

MC Carol forma dupla com o equatoriano Ataw Allpa. Foto: divulgação/Vincent Rosenblatt

O Brasil sempre foi uma espécie de peixe fora d'água em relação à cultura dos outros países da América Latina: enquanto boa parte dos nossos vizinhos conhece e consome o que vem daqui, sobretudo a música, a gente costuma ignorar o que vem do nosso continente, com raras exceções. Buscando diminuir essa distância, o Festival Ultrasonidos, que começa neste sábado, vai apresentar quatro duplas formadas por um artista brasileiro e outro de algum país vizinho — no caso, Chile, Colômbia e Argentina.

Idealizado pelo jornalista Carlos Albuquerque, o também DJ Calbuque, e o artista visual Batman Zavarese, o evento traz os artistas para fazer residências no Lab Oi Futuro, ocupando o estúdio e a área de ensaios do Labsonica. Eles irão preparar um show conjunto, gravar uma música inédita e participar de debates.

As duplas são formadas por Yih Capsule (Chile) e Alice Caymmi, Las Hermanas (Colômbia) e Aori, The Holydrug Couple (Chile) e Dado Villa-Lobos, Ataw Allpa (Equador) e MC Carol. O evento ainda conta com o show de abertura da dupla argentina Defensa. "É uma honra para mim ser convidado para outro país para fazer música com as pessoas, isso faz tudo valer a pena", comenta Las Hermanas, na verdade o produtor Diego Cuellar, que forma par com Aori. "Estou ansioso mesmo para trabalhar com Aori e Estêvão. Tenho certeza de que vamos chegar a algo muito legal", diz.

Alice Caymmi também é atração do festival, ao lado da chilena Yih Capsule. Foto: divulgação/Gustavo Zylbersztajn

Ele conta que é especialmente fã de alguns nomes da música produzida no Brasil. "Estou ciente do vasto universo musical da música brasileira, mas sei que tenho que aprender muito. Quando eu era criança e adolescente, ouvia muito Sepultura e Ratos de Porão. Ratos, para mim, era muito especial. É uma banda muito divertida. Eu sempre amei a atitude deles, sabe, em termos de como ser realmente cru, mas ao mesmo tempo divertido. Com o tempo, conheci a Tropicália e respeitei muito a maneira de misturar música psicodélica com música tradicional brasileira", explica o argentino.

Aori afirma também ter interesse pelo que é feito em outros cantos do continente.  "Sempre curti sonoridades diferentes e já curtia o rap de bandas latinas… Em casa, sons do Caribe sempre fizeram a cabeça da minha família. Não conhecia o trabalho do Las Hermanas, mas fiquei surpreso com a qualidade dos beats e afinidades dele com meu próprio trabalho", diz o rapper.

O projeto Las Hermanas, do produtor colombiano Diego Cuellar, dupla do rapper Aori. Foto: divulgação

Cuella também não conhecia o som de sua dupla, mas conta que foi pesquisar sobre a música do rapper carioca e agora está empolgado para trabalhar com ele. "Eu ouvi o álbum 'Anaga', dele, e gostei da variedade nas músicas. Todas as músicas são meio diferentes no álbum e em cada uma ele tem uma maneira diferente de fazer rap, mas mantendo uma unidade. Também ouvi sua banda Inumanos e também gosto. Cem por certo sons funkeados dos anos 90. O 'Volume X' (álbum do Inumanos) é muito legal, é pesado e divertido. Espero que façamos algo divertido", torce ele. "Tenho certeza que será uma experiencia única de troca de ideias e energias. Mal posso esperar", devolve Aori.

Vai lá:
Festival Ultrasonidos
Quando: De 22 a 29 de junho (confira a programação completa)
Onde: Sede das Cias (Rua Manuel Carneiro, 12 – Lapa) e Lab Oi Futuro (Rua dos Dois de Dezembro, 107/5º andar- Flamengo)
Quanto: R$ 1 (meia) e R$2

Sobre a autora

Kamille Viola é jornalista, com passagens e colaborações por veículos como O Dia, O Globo, O Estado de S. Paulo, Billboard Brasil, Bizz e Canal Futura, entre outros. Nascida e criada no Rio, graças ao jornalismo já andou pelos mais diversos cantos da cidade.

Sobre o blog

Do pé-sujo mais tradicional ao mais novo (e interessante) restaurante moderninho, do melhor show da semana à festa mais comentada, este blog busca fazer jus à principal paixão do carioca: a rua.

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