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Bip Bip, 50 anos de música e cerveja gelada

Kamille Viola

06/07/2018 10h00

Alfredinho, dono do Bip Bip desde 1984. Ao fundo, uma roda musical, tradição do bar. Foto: divulgação

O bar é pequeno (são apenas 18 metros quadrados), mas sua importância para a boemia carioca é grande. Ponto de encontro de músicos, o Bip Bip, em Copacabana, comemora 50 anos de existência e os 75 de seu dono, Alfredo Jacinto Melo, o lendário Alfredinho, com direito a show na Sala Baden Powell.

Tombado como Patrimônio Cultural Carioca em 2012, o Bip Bip foi aberto em 13 de dezembro 1968, dia em que foi assinado o AI-5 (Ato Institucional Número Cinco), decretado pela ditadura militar. O nome foi uma homenagem ao primeiro satélite artificial russo, o Sputnik, lançado em 1957, por conta do som que ele emitia.

Alfredinho era um frequentador que comprou o bar em 1984. Ao iniciar a programação musical na casa, acabou fazendo história. No início, as rodas eram do lado de fora, mas, devido às reclamações dos vizinhos (e multas recebidas pelo lugar), passaram para dentro do boteco. Beth Carvalho, Paulinho da Viola e Moacyr Luz são alguns dos nomes que já se apresentaram lá.

A concorrida programação musical valoriza a música brasileira. Segunda e terça, acontecem rodas de chorinho. Quarta é dia de bossa nova. E quinta, sexta e domingo é a vez do samba. Aliás, em 2009 o bar ganhou um bloco para chamar de seu.

"A programação musical do Bip Bip acontece sempre de forma espontânea, sem dia certo. Os músicos vão chegando (profissionais, amadores e pesquisadores do mundo do samba) e a roda explode naturalmente", explica Alfredinho.

Típico pé-sujo, o Bip Bip faz valer para o cliente a máxima "sinta-se em casa": o bar não tem garçons, cada um se serve. A cerveja (sempre gelada) deve ser pega diretamente no freezer, e os salgados, aquecidos no microondas. Depois, só avisar a Alfredinho, que anota o que cada um consumiu para pagar quando for embora. Nada que espante os frequentadores. Pelo contrário: eles costumam ser fiéis.

As comemorações começam este sábado, na Sala Baden Powell, que vai reproduzir o ambiente do bar. Cristina Buarque, que morava perto do pé-sujo e ajudou Alfredinho a começar com a programação musical por lá, irá apresentar repertório do sambista Wilson Batista acompanhada de músicos frequentadores do bar. Como a o show é cedo, dá para emendar no Bip depois. "Será uma noite de muita festa, lembranças e alegria. A ideia é produzir com esse material um documentário sobre os 50 anos da casa e lançar um livro comemorativo", diz Alfredinho.

A publicação é a terceira edição de "Bip Bip, um bar a serviço da alegria", escrita pelos jornalistas Luís Pimentel e Marceu Vieira e o músico Chiquinho Genu, atualizada com novas histórias do lugar. "Já disse e escrevi que o Bip não é bar, é útero: quentinho, aconchegante e de onde só saímos por imposições. Por isso que, já que não vou mais a bares, só vou ao Bip. É o templo da música brasileira, da amizade e da alegria. É lugar de se ficar em paz", derrete-se Pimentel. Um brinde ao Bip Bip!

Vai lá:
Bar Bip Bip
Quando: Diariamente, das 19h à 1h
Onde: Rua Almirante Gonçalves, 50-D – Copacabana. Telefone: (21) 2267-9696

Bip Bip 50 Anos canta Wilson Batista — 50 anos sem o compositor
Quando: 7 de julho, às 20h
Onde: Sala Baden Powell. Av. Nossa Senhora. de Copacabana, 360, Copacabana. Telefone: (21) 2547-9147
Quanto: R$ 15 (meia) e R$ 30

Sobre a autora

Kamille Viola é jornalista, com passagens e colaborações por veículos como O Dia, O Globo, O Estado de S. Paulo, Billboard Brasil, Bizz e Canal Futura, entre outros. Nascida e criada no Rio, graças ao jornalismo já andou pelos mais diversos cantos da cidade.

Sobre o blog

Do pé-sujo mais tradicional ao mais novo (e interessante) restaurante moderninho, do melhor show da semana à festa mais comentada, este blog busca fazer jus à principal paixão do carioca: a rua.

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